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"O Senhor Djuse D’erriba tropeçou D'baixo e feio". Direito de resposta do embaixador José Luis Rocha*
Ponto de Vista

"O Senhor Djuse D’erriba tropeçou D'baixo e feio". Direito de resposta do embaixador José Luis Rocha*

"Eu não seria tão ingénuo para considerar que, tomando a palavra em público por via de artigo em jornal, as minhas opiniões passassem despercebidas. Porém, esperava reações a favor ou contra, num debate de ideias, e não uma gonorreia de insultos dirigidos à minha pessoa por parte desse Senhor. "

Não posso impedir as pessoas de cometer erros. Mas posso agir para prevenir que continuem.

Refiro-me ao artigo de opinião publicado no Santiago Magazine a 8 de março de 2024, intitulado "José Luís Rocha: O Embaixador Entre a Ironia e a Tempestade” no qual o autor, Senhor Djuse D’erriba, reage ao artigo do signatário publicado no Expresso das ilhas a 19 de fevereiro de 2024 sobre “a integração regional na CEDEAO confrontada a novos desafios”

Eu não seria tão ingénuo para considerar que, tomando a palavra em público por via de artigo em jornal, as minhas opiniões passassem despercebidas. Porém, esperava reações a favor ou contra, num debate de ideias, e não uma gonorreia de insultos dirigidos à minha pessoa por parte desse Senhor.  

Com efeito esse ilustre desconhecido, em todo o caso para mim, brindou-me de “inimitável cínico, de macaco altamente treinado, de noviço fantasioso, de profeta de chuvas africanas, de incomparável idiota” e passo outras pérolas de ignorância risíveis por ele colocadas no seu texto.

Ao responder, não vou cair tão baixo, por princípio, educação, ética e respeito pelos leitores. Eleanor Roosevelt escreveu que espíritos grandes discutem ideias e só espíritos baixos discutem pessoas e, à luz desse pressuposto, insultos provêm, obviamente, de espirito baixo e inculto.

Afinal esse Senhor não leu bem ou não compreendeu o propósito do meu artigo sobre a CEDEAO. O artigo opina basicamente duas coisas. A primeira, perante as crises sucessivas vividas pela CEDEAO, haveria a necessidade de um debate refundador com base nos Textos constitutivos atuais, para forjar maior convergência política, económica e securitária entre os seus Estados membros, como condição de uma melhor integração regional. A segunda, que também não percebeu, sobre o acertar dos ponteiros, tem a ver com a negociação das especificidades próprias de Cabo Verde, prevista pelo Artigo 68 do Tratado, para favorecer, desta feita, uma melhor integração de Cabo Verde na região, como pequeno estado insular que é. Enfim, em nenhum momento se disse que a integração na CEDEAO é exclusiva. Melhor, essa integração não só não é incompatível, como alarga a base para que Cabo Verde possa construir parcerias desejáveis, sólidas e benéficas com outras regiões para além do continente africano.

Esse ilustre desconhecido, a quem não reconheço credenciais para avaliar a atuação diplomática, teima e insiste, com duvidosa intenção, em limitar a minha experiência a uma suposta “estadia glamorosa” em Nova Iorque à frente da Missão de Cabo Verde na ONU. Por um lado, demonstra completo desconhecimento - o que lhe autoriza tamanha ligeireza na apreciação – relativamente ao trabalho diplomático profissional realizado com responsabilidade e resultados.Ora, se não sabe, informe-se e bem. Por outro lado, deliberadamente não valoriza o aprendizado e o desempenho de quarenta anos de diplomacia, incluindo várias funções de Chefe de Missão que eu exerci, em Bruxelas, Washington DC, Nova Iorque e no quadro da Organização Internacional da Francofonia com Sede em Paris.

Esse ilustre desconhecido, nega-me, igualmente, o direito de opinião sobre a CEDEAO, quando ninguém tem monopólio sobre coisa alguma. Como outros, tenho a autoridade de poder emitir ideias, discutíveis ou rebatíveis certo, sobre assunto que venho acompanhando – não me parece ser o caso do Senhor D’erriba - desde que exerci funções executivas sobre a CEDEAO enquanto Director Geral e Director Nacional de Politica Externa e enquanto Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, e por ter participado, no exercício dessas funções, em várias reuniões decisórias da mesma Organização, na Praia e em outras capitais como Ouagadougou, Acra, Abidjan e Abuja.

Para concluir, sou da opinião de que, lá onde houver democracia, temos todos a liberdade de opinar, mas façamo-lo com ideias e com respeito, sem insultos, para o seu próximo, para que a liberdade possa respirar.

No caso em apreço e como comentou alguém, o Senhor Djuse D’erriba “armou-se em poeta airoso e cómico ao escrever a sua prosa” e digo mais, tropeçou não D’erriba mas D’baixo, e feio, nas asneiras que escreveu.

Praia, 27 de março de 2024

José Luís Rocha

Embaixador 

*Título da responsabilidade da Redação

 

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