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Deputados preocupados com preservação da imagem do parlamento cabo-verdiano
Política

Deputados preocupados com preservação da imagem do parlamento cabo-verdiano

Os deputados nacionais expressaram esta quarta-feira as suas inquietações para com as suas imagens aos olhos do grande público, pelo que alertam a todos para a contenção das palavras nos debates parlamentares sem se inibirem o contraditório.

O mote foi dado pelo deputado eleito pela União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID – oposição), António Monteiro, durante o debate com o ministro do Mar, Abraão Vicente, que interpelou a mesa para manifestar a sua preocupação em como “muitas vezes o parlamento tem estado na boca do povo não pelas boas razões”.

António Monteiro disse mesmo que assusta-lhe imenso ouvir na casa parlamentar, “primeiro, que há ameaças de deputados (…), segundo, quando o ministro diz que não tem medo das palavras nem de outras coisas”, afiançando que as palavras “no parlamento têm um impacto terrível nos ouvidos dos cidadãos” e os deputados continuam neste caminho.

“Para onde estaremos a levar este parlamento e a política no país?”, indagou António Monteiro, que exortou o líder da casa parlamentar a pedir a todos a ter sempre em consideração que os deputados estão “numa célula que infelizmente é altamente transparente” e que aquilo que fazem acaba por ter um efeito “altamente negativo” na sociedade.

Em resposta, o presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, exortou a todos para o sentido da pedagogia política, asseverando que a mesa tem feito um esforço enorme para que o ambiente de debate parlamentar seja descontraído e distendido, mas que existe muitos deputados que reagem negativamente quanto o presidente chama atenção.

Disse estar firme em contribuir para a elevação da imagem deste órgão de soberania, sublinhando, contudo que “este parlamento cabo-verdiano é credível”, admitindo, entretanto, que há tentativa de denegrir a imagem do parlamento e que cabe aos deputados defender para que isto não aconteça.

“O parlamento é o centro nevrálgico do sistema político aqui em Cabo Verde e quem quer destruir o parlamento quer destruir a democracia e nós não podemos permitir que a democracia regride”, explicitou Austelino Correia, para quem “é bom que se faça a pedagogia política”.

Por seu turno, o deputado Rui Semedo, presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição), intimou a mesa para ressaltar que o “parlamento é a casa de debate, da confrontação política, da representação do povo, aberto à apreciação e avaliação e escrutínio directo dos cabo-verdianos” e que cabe aos parlamentares serem humildes enquanto a voz do povo.

Para este líder da oposição, trata-se de um “ganho irreversível”, mas que caberá aos deputados respeitarem-se uns aos outros e se respeitarem, admitindo que no calor do debate todos já experimentarem, eventualmente, um exagero, razão pela qual alertou a todos no sentido de reverem os seus desempenhos, discursos e intervenção no sentido de corrigirem as falhas.

Já o deputado nacional eleito pelo Movimento para a Democracia (MpD – poder), Luís Carlos Silva, usou da palavra para afirmar que todos devem alinhar-se para a elevação do debate político, do parlamento e do cargo de deputados, sublinhando que no seu entendimento isto não significa que se deve tirar vigor e calor ao debate político.

“Não podemos inibir o contraditório. O contraditório faz parte e é parte integrante da democracia e do debate político. O que credibiliza é a responsabilidade, a seriedade e a verdade”, retorquiu Luís Carlos Silva.

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