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Transição autárquica
Colunista

Transição autárquica

Com a quantidade de classes profissionais, nomeadamente, professores, médicos, enfermeiros, pilotos, estatísticos, etc que estão manifestando descontentamento e perspectivando paralizações e greves nos próximos meses a sangria eleitoral ao Governo do MpD está à vista e as próximas eleições autárquicas tirarão as dúvidas àqueles que ainda acreditam nesse desastroso Governo.

Decorridos 33 anos após as primeiras eleições autárquicas em Cabo Verde, o país se encaminha para a realização da nona eleição municipal a que vão concorrer partidos políticos e grupos de cidadãos independentes.

A principal perspectiva de novidade para as próximas eleições será a possível transição autárquica, isto é, o partido político – MpD – que historicamente se manteve dominante ao longo de três décadas como o maior partido autárquico que conquistou a maioria das Câmaras Municipais vai deixar de ser maioritário pela primeira vez:

 

1.       O MpD ganhou todas as oito eleições autárquicas realizadas em Cabo Verde de 1991 a 2020 com exceção do ano 2000 quando o PAICV derrotou o MpD pela primeira e única vez nesse período e lhe permitiu retornar ao poder nas legislativas do ano seguinte de 2001;

2.       Dados empíricos mostram que o MpD não consegue se manter, simultaneamente, nos dois níveis de poder nacional e autárquico por muito tempo sem perder como se evidencia no gráfico;

3.       Como diz um ditado: “quando o cobertor é curto ou se fica sem cobrir os pés ou a cabeça”, ou seja, o MpD quando ganha tanto poder (local e nacional) não tem quadros com competências suficientes nem para ocupar as vagas disponíveis e, muito menos, conseguir executar e realizar as promessas mirabolantes e irrealizáveis de 45 mil empregos, crescimento económico de dois dígitos, criminalidade zero, dentre outros absurdos!

4.       No primeiro ciclo de poder 1991 a 2000, o MpD ganhou a primeira eleição autárquica de 1991 e logo na eleição seguinte, 1996, assinala uma tendência de queda que resulta na sua derrota em 2000;

5.       No segundo ciclo de 2016 a 2024, parece que a história se repete com o mesmo desenho: ganha as eleições de 2016, logo a seguir, nas eleições de 2020, aponta para uma tendência de queda e se perspectiva o mesmo enredo de derrota em 2024, à semelhança do que acontecera em 2000;

6.       Além de se perspectivar que o MpD terá menos votos do que as candidaturas da oposição, a novidade poderá ser que, pela primeira vez, será Governo em menos de 50% das Câmaras Municipais, ou seja, perderá, ao menos, três Câmaras;

7.       Um dos principais fatores do desastre eleitoral do MpD é a sua contradição entre o discurso que faz enquanto oposição e a sua realização e péssimo desempenho enquanto Governo;

8.       A exploração dessas contradições contribui, grandemente, para os resultados eleitorais nas autárquicas de 2000 e de 2020!

Com a quantidade de classes profissionais, nomeadamente, professores, médicos, enfermeiros, pilotos, estatísticos, etc que estão manifestando descontentamento e perspectivando paralizações e greves nos próximos meses a sangria eleitoral ao Governo do MpD está à vista e as próximas eleições autárquicas tirarão as dúvidas àqueles que ainda acreditam nesse desastroso Governo.

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