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Na política séria nem tudo vale*
Ponto de Vista

Na política séria nem tudo vale*

Em 2001, já lá vão cerca de 18 (dezoito) anos, o PAICV vencera as eleições legislativas e o eleitorado cabo-verdiano achou por bem conceder-lhe, no total, a vitória em três (3) eleições sucessivas, mantendo-o no poder durante 15 anos.

Muitos fingem (os que venceram as eleições de 2016 e que estão agora a Desgovernar!) que desconhecem a razão deste bom povo ter mantido um Partido no poder durante três mandatos consecutivos. Há dois tipos de eleitorado no País: primeiro, os que em 2001 eram crianças e menores e, por conseguinte, como desconhecem as razões de o PAICV ter permanecido 15 anos no poder, acreditaram nas mentiras diabólicas do MpD e do seu Presidente, Ulisses Correia, que estão sendo propagandeadas desde as campanhas eleitorais de 2016 até esta; segundo, os que mesmo tendo conhecimento, de sobra, das razões (é, por exemplo, o caso dos Deputados do MpD), utilizem a mentira que lhes foram indicados a lançar, quaisquer que forem as circunstâncias, desde que queiram manter o tacho. E esses são tão irredutíveis que transmitem as mentiras que lhes ensinaram, de tal forma, até que os vejam transformadas em verdades, verdadeiras.

Mas vamos aos factos, para o conhecimento de todos, mas em particular para aqueles que, devido a sua juventude podem eventualmente desconhecer o que a seguir descrevo: O MpD, de Carlos Veiga, quando perdeu as eleições legislativas em 2001, depois de ter governado o País durante dois turbulentos mandatos (força de expressão porque o que fizeram de facto foi desgovernar!!), deixara ao PAICV, como legado e desastrosa herança, um Cabo Verde roto, furado metendo água por todos os poros, profundamente endividado tanto a nível interno como externamente, sem crédito e sem credibilidade, levando as pessoas a pensaram que não havia conserto possível: O Estado não pagava as contas aos credores nacionais, que cortaram crédito ao Estado, os vencimentos eram pagos como se os meses tivessem passado a ter 40 dias, privatizaram os maiores e mais rentáveis empresas do País, sem que se soubesse o paradeiro das verbas resultantes das privatizações, muitas feitas de forma selvagem, enquanto o País continuava em penúria. Há muito mais, mas vou perder o tempo a enumerá-las!

E para cúmulo dos nossos pecados, uma boa parte dos Parceiros do desenvolvimento de Cabo Verde, a partir do momento em que perderam toda a confiança na recuperação deste País nas mãos do MpD de Carlos Veiga; cansados de tanta tramóia e trafulhices (o desaparecimento dos 2.000.000 de US dólares - o dólar valia então 110 escudos cabo verdiano! -, foi um dos elementos fulcrais do ponto a que se chegara), puseram-se em debandada, deixando o País à sua sorte.

O nosso País, que começou a ser governado em 1991 pelo MpD (Movimento para a Democracia, “apelido” cuja essência não durou 5 (cinco) anos sequer, viu o tempo dos dois mandatos – a célebre década de 90 que ficará na história de Cabo Verde como uma mancha malévola – ventoinhas terminarem com um vigoroso travão que o povo lhes aplicara numa altura em que se encontravam divididos, por desavença insanáveis, em três porções, cada qual agitando um símbolo diferente. É claro que acabaram depois colados, novamente, ao símbolo mãe que nunca se recompôs como um Movimento do Bem, devido às tramóias que hoje o povo cabo-verdiano volta a experimentar nas mãos de Ulisses Correia e Silva, na qualidade de líder do MpD e Primeiro-ministro.

Alguns dos que farão a gentileza de lerem este texto são capazes de perguntar, o porquê de trazer de volta os momentos dolorosos sofridos na década de 90, de muitíssimo má memória! A resposta seguinte é também simples: O MpD adoptou o sistema de, através de slogans, enganar as pessoas, e agora retomado desde que UCS tomou posse para este mandato, que é bradar aos sete ventos que o PAICV, para além de nada ter feito durante os 15 que esteve no Governo, ainda deu cabo de tudo o que havia. E para o cúmulo, na última sessão legislativa da AN, em que a presença de Ulisses passou a ser obrigatório, ouviu-se, em uníssono, cada vez que um Deputado do PAICV fazia uso da palavra, os Deputados da maioria fazerem uso, descaradamente, do seu slogan: em 15 anos de governação o PAICV nada fez; o PAICV deu cabo de tudo durante 15 anos; o PAICV abandonou o País durante 15 anos, blá blá blá, o que são mentiras absolutamente ridículas e enjoativas. Ao mesmo tempo atribuem ao PAICV a situação em que deixaram o País degradar em cerca de três anos, por incúria e incapacidade do Primeiro-ministro e do seu elenco governamental.

É sabido por todos, que o primeiro e parte do segundo dos três mandatos chefiados pelo então Primeiro-ministro, José Maria Neves, foram utilizados para limpar o lixo e reparar a maior parte das asneiras que herdou dos Governos chefiados por Carlos Veiga. José Maria Neves arregaçou as mangas, trabalhou com afinco, fez das tripas coração, sem muitos brados ou alaridos (sabendo o estado caótico a que as coisas estavam, quando se candidatou ao cargo sabia o que o esperava caso vencesse), fez o que era necessário dia e noite para, com o apoio do seu elenco governamental, levantar o País das cinzas em que a década de 90 o havia relegado porque, como sempre dizia, foi eleito para aquele efeito, e conseguiu. Todos os cabo-verdianos de bom sabem disso!

Esta retrospetiva levaria, pelo menos, o triplo do que já disse mas, infelizmente, é hora de parar a fim de evitar maçada aos leitores. Contudo, para terminar, pediria encarecidamente ao MpD que deixa-se de propagar mentiras, que são ditas “com quantos os dentes se tem na boca”, que quase sempre têm pernas curtas. O nosso povo, que há muito perdeu a ingenuidade, sabe, sem qualquer réstia de dúvidas, que foram graças aos 15 anos de governação do PAICV, pelas mãos vencedoras do Dr. José Maria Neves e seus colaboradores, que CABO VERDE FOI SALVO DAS RUÍNAS QUE O MPD E CARLOS VEIGA O VOTOU NA DÉCADA DE 90. E só não fez muito mais devido à crise económica que assolou o mundo desenvolvido em geral, e a Europa em particular e, não me canso de dizer, sabem disso mais do que ninguém. NA POLÍTICA SÉRIA NEM TUDO VALE!! A HONESTIDADE POLÍTICA E INTELETUAL DEVE PREVALECER SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR!!!

*Título da responsabilidade da Redacção 

Artigo publicado por António Manuel Neves no facebook

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