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Antigos PM de Portugal e Cabo Verde pedem mudanças nos partidos para combater populismo
Política

Antigos PM de Portugal e Cabo Verde pedem mudanças nos partidos para combater populismo

Francisco Pinto Balsemão e José Maria Neves, antigos primeiros-ministros de Portugal e Cabo Verde, respetivamente, alertaram para a necessidade de os partidos políticos assumirem um papel "mais ativo", de forma a combater os movimentos populistas.

À margem da apresentação, em Lisboa, do livro escrito pelos dois antigos chefes de Governo, Francisco Pinto Balsemão disse à Lusa que acredita que os partidos políticos portugueses precisam de alterar a sua postura, pedindo um papel "mais atual".

"Acho que os partidos políticos precisam de assumir um papel mais ativo, mais atual, e que no caso português implica a lei eleitoral que temos - que é uma lei eleitoral feita a seguir ao 25 de abril e que está completamente ultrapassada", explicou à Lusa, no final da sessão de apresentação do livro "Um Futuro a Construir".

José Maria Neves partilha a mesma opinião, e aponta que os atuais moldes estão a provocar um "cansaço" nas populações.

"Há um cansaço das instituições, sobretudo dos partidos políticos (...) das promessas não cumpridas da democracia, e por causa disso há (...) alguma frustração de sentimentos de segmentos importantes da sociedade e a emergência de movimentos populistas, autocráticos e autoritários que têm levado ao recuo da democracia e ao avanço do autoritarismo", apontou o antigo dirigente cabo-verdiano, que liderou o Governo durante 15 anos.

Na opinião de José Maria Neves, a solução passa por uma "reformulação das instituições", pedindo uma "reinvenção democrática" e um "reposicionamento dos partidos políticos" de forma a "defender a democracia liberal e para garantir que haja uma governação mais transparente".

Francisco Pinto Balsemão considera que deve haver uma colaboração dentro da sociedade civil neste sentido, e lembra que os meios de comunicação social têm de "assumir as responsabilidades".

"Acho que os meios de comunicação social têm de assumir as suas responsabilidades. Têm de denunciar tudo aquilo que é uma informação que é desinformação, e que está cada vez mais profissionalizada", defendeu o fundador o grupo Impresa, um dos maiores grupos de media portugueses.

José Maria Neves, que cumpriu três mandatos enquanto chefe do Executivo de Cabo Verde, não sentiu, durante esse período, a ameaça do populismo, mas acredita que é necessário, ainda assim, "repensar muitas questões".

"Cabo Verde é um país estável onde as instituições efetivamente funcionam, mas devo dizer que há necessidade de se repensar muitas questões, designadamente o relacionamento entre os partidos. Há muita crispação, há falta de tolerância mútua, a política é quase uma relação de amigo/inimigo", um facto que o antigo primeiro-ministro diz contribuir para “o desgaste das instituições".

José Maria Neves desvalorizou a situação da dívida de Cabo Verde, que o Grupo de Apoio Orçamental (GAO) estima representar 126% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Segundo o antigo primeiro-ministro cabo-verdiano, é "ainda uma dívida sustentável", mas para a qual é preciso trabalhar para continuar "dentro do perímetro da sustentabilidade".

Questionado sobre a possibilidade de se candidatar às presidenciais de 2021, José Maria Neves não afastou essa hipótese.

"É uma possibilidade. As eleições são daqui a três anos, não posso ter neste momento uma ideia precisa, mas eu sempre digo que é uma possibilidade, e sobretudo que há uma disponibilidade da minha parte em continuar a servir o meu país", afirmou o antigo ministro sobre uma hipótese que agrada a Pinto Balsemão.

"Acho que ele daria um excelente Presidente, mas eu não sou eleitor cabo-verdiano", disse Pinto Balsemão, um dos fundadores do Partido Social-Democrata (PSD) sobre a eventual candidatura do membro do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV).

Com Lusa

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