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As gaiatices do MpD e seus soldados I
Colunista

As gaiatices do MpD e seus soldados I

Nesta primeira abordagem, vamos falar do MpD e seus soldados, quando fingem que estão a governar o país e se dão inclusive ao luxo de assessorar o PAICV para melhorar o seu desempenho político e assim escorraçá-los do poder. Será que o MpD não quer continuar no poder? Se sim, porque será?

Já não restam dúvidas: o MpD é um partido gaiato e vaidoso. Está no poder há 3 anos e, verdade seja dita, tem mostrado possuir excelentes dotes no manejo do humor, da retórica e da propaganda nas suas relações com as pessoas e com os desafios do país. Para o MpD, quem não lê pela sua cartilha, ou não entende das letras, ou é um comunista estúpido e frustrado, incapaz de perceber as virtudes do mercado e a honestidade do capital, ou melhor, do dinheiro.

Gaiato sim, este partido! E vaidoso! Que esventra o Estado e transfere todos os recursos mais valiosos para o sector privado. Defensor do capital, do dinheiro, para o MpD e seus soldados, as pessoas não passam de peças de engrenagem, que servem apenas para os manter no poder. Um grupo que não tem qualquer problema em extorquir tudo ao povo e ao país - suor, sangue e dinheiro - para alimentar um regime capitalista, porém, sem capital.

O MpD e seus soldados desprezam todas as vozes que não estão de acordo com a forma como tratam os recursos do Estado. E fazem pouco das pessoas, das suas dificuldades, dos seus desafios. Todavia, montam estratégias de se alimentarem dos bolsos deste povo humilde e sacrificado, inventando taxas, serviços e comissões.

Vamos à primeira gaiatice: o governo do MpD criou um projeto chamado rendimento social de inclusão, financiado por um empréstimo contraído junto do Banco Mundial, a ser pago por todos os cabo-verdianos. Com este dinheiro, famílias em situação de vulnerabilidade vão passar a receber 6 mil escudos mensais até 2022. O MpD e seus soldados fazem grande alarido com isto, como se de rendimento efetivamente se tratasse, quando, na verdade, não é.

Caro leitor, efetivamente o rendimento social de inclusão é um projeto de distribuição de dinheiro com fins meramente eleitoralista. Por isso mesmo vai até 2022, não tendo nem continuidade e nem sustentabilidade. Trata-se de uma forma rasteira e indigna que o MpD concebeu para assegurar a dependência das pessoas até 2022, e assim garantir o voto em 2021, ano das eleições legislativas. Convém ficar alerta em relação a esta particularidade, que é importante no contexto em que o país está a ser gerido.

Segunda gaiatice do MpD e seus soldados: este grupo resolveu, de há algum tempo a esta parte, armar-se em assessor do PAICV nas questões de liderança. Para eles, o PAICV tem que mudar de liderança, pois a atual líder, Janira Hopffer Almada, está a destruir o partido que governou Cabo Verde de 2001 a 2016. E dão dicas, avançam estratégias...

Alguém consegue entender esta benevolência do MpD e seus soldados para com um partido que irá, mais cedo ou mais tarde, escorraçá-los do poder, ao ponto de passar a vida a aconselhá-lo qual é o melhor caminho para atingir os seus objectivos?

É ou não é verdade, caro leitor? Naturalmente que se a líder do maior partido da oposição não serve, melhor para a situação, que assim ficaria tranquila para implementar o seu programa, “sem djobi pa ladu”…

Viu, caro leitor, as gaiatices deste grupo liderado por Ulisses Correia e Silva, fingindo assessorar o seu maior adversário no sentido deste tirar-lhe o poder? É possível acreditar nisso? Dá para levar gentes deste calibre a sério?

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SOBRE O AUTOR

Carla Carvalho

Editora e colunista de Santiago Magazine, política, socióloga, professora universitária, pesquisadora em género e desenvolvimento