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Falta de combustíveis coloca aviões em terra e desmascara gestão deficiente da ASA
Economia

Falta de combustíveis coloca aviões em terra e desmascara gestão deficiente da ASA

Falta combustíveis - jet fuel - para os aviões. A Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea (ASA) não emite o NOTAM - um documento que tem por finalidade divulgar, antecipadamente, toda informação aeronáutica que seja de interesse direto e imediato à segurança, regularidade e eficiência da navegação aérea - deixando aviões em terra e comprometendo o HUB aéreo do Sal, tão propalado pelo Governo.

Segundo fontes de Santiago Magazine ligadas à aviação civil cabo-verdiana, há dois dias que um avião Iliushin IL76, registo URCIV-OLIEG, está parado no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral (AIAC), sem ser abastecido. A tripulação aguarda num hotel da ilha.

Por seu turno, os operadores locais que prestam assistência em escala, estão avisando os seus clientes que devem prevenir-se, não correr riscos e procurar alternativas. Vários voos foram obrigados a fazer escala em outros aeroportos – como os de Canárias, Senegal e Portugal - devido a este problema de abastecimento no AIAC.

A notícia veio a público no dia 4 deste mês, através da Rádio Nacional, citando um comunicado da Vivo Energy. Logo no dia seguinte, 5, a Rádio Nacional retoma a notícia, citando desta vez a Enacol, que confirmou restrições no abastecimento. Aqui ficou claro que ia se dar prioridade às aeronaves de companhias aéreas com as quais a Enacol tinha contrato.

As aeronaves sem contrato, em voos de escala técnica no Sal - cargueiros, voos de Estado, aviões executivos - não seriam abastecidas.

Segundo as normas da aviação civil, a ASA devia imediatamente emitir um NOTAM- que é um documento que tem por finalidade divulgar, antecipadamente, toda informação aeronáutica que seja de interesse direto e imediato à segurança, regularidade e eficiência da navegação aérea – o que não foi feito, a crer nas nossas fontes.

Várias falhas são apontadas pelas nossas fontes. Por exemplo, as petrolíferas lançam culpas sobre os fornecedores, alegando atraso na entrega do combustível. Esta acusação é vista pelas nossas fontes como um contrassenso, já que o planeamento dos stocks estratégicos e de reserva é feito em Cabo Verde.

Mas a falha maior, argumentam as nossas fontes, é do próprio Estado, que deve controlar este produto estratégico para o país.

Este assunto assume um interesse público particular, sobretudo porque mexe com uma das maiores estruturas da economia nacional – os transportes e as atividades conexas, como o comércio e o turismo.

Entretanto, as nossas fontes alegam que o Governo impôs bloqueio à veiculação de informações à comunicação social e ao público.

Com efeito, nenhuma instituição quer fazer declarações e esclarecer o que há à volta disso.

Informações chegadas a Santiago Magazine dão conta que a própria Agência da Aviação Civil - reguladora da aviação civil - só tomou conhecimento da situação no dia da divulgação da notícia pela Rádio Nacional, e não se conhecem as diligências realizadas.

Assim, é notório o desconforto que já tomou conta do país, uma vez que está claro que há rotura do stock de combustível jet fuel, que houve défice de planeamento do stock e falhas no controlo, que não houve emissão de NOTAM à comunidade aeronáutica, principalmente aos operadores de linhas aéreas que habitualmente utilizam o AIAC; que há sonegação de informação por parte da ASA e do Governo; que a situação já provocou desvios de alguns voos para outros aeroportos concorrentes.

E em face destes factos, o Governo e as instituições responsáveis pelo sector aéreo são obrigados a informar a sociedade e os operadores económicos, como e quando será normalizada a situação, uma vez que a imagem do país e do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral está fortemente penalizada numa altura em que se fala de criação de um HUB no Sal.

Por outro lado, não se conhece a magnitude do problema e se os outros aeroportos do país também estão afetados ou se correm o risco de igual situação, e muito menos quando será resolvido o problema.

Santiago Magazine está no terreno, a ver se consegue falar com os responsáveis para melhor informar o país sobre este assunto.

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Redação